quarta-feira, 14 de maio de 2008

Realismo

"O Angelus", de Jean-François Millet

Entre 1830 e 1870, atravessou a cultura francesa uma corrente que se juntou inseparavelmente aos acontecimentos sociais e políticos, à excitação científica, a hábitos e moral renovados.
O realismo ganhou autonomia relativamente às anteriores formas de arte que assentavam em verosimilhanças e surgiu como um movimento historicamente distinto.
Pode dizer-se que a principal característica do movimento realista reside no interesse pelo mundo contemporâneo. Para estes artistas, o único processo de dar forma a uma necessidade expressiva autêntica é obsevar a realidade em que se inserem e reproduzi-la honestamente.
Neste movimento são novidade as teorias perceptivas, os interesses sociais e da concepção da História.
Assim, nesse contexto, podemos ver como é aqui que começam a aparecer as pessoas vulgares entregues às suas actividades diárias, a paisagem urbana, a província rural.
De uma certa perspectiva, desenhou-se o activo compromisso político de um artista como Honoré Daumier que lutava contra a monarquia publicando imagens por si criadas e utilizando para tal a litografia como principal meio de expressão.
Por outro lado, promovida por um grupo de artistas que (em épocas diferentes mas principalmente em 1849) se juntaram em Barbizan, deu-se a fuga à realidade urbana e ao compromisso político que lhe estava associado. Estes teorizaram uma pintura de paisagem em “plein air” e procuraram o contacto com a natureza morta, analisando as suas manifestações.
Rosseau foi um dos mais ilustres dessa escola.
De salientar que tal, também só foi possível porque surgiram as primeiras bisnagas de zinco, que permitiam aos artistas levar para toda a parte pequenas porções de tintas variadas.
Interessaram-se pelo factor da decomposição da luz, nos seus quadros o ar transforma-se num suave véu, a luz numa substância atmosférica que completa todo o espaço pictórico. Com o seu traço solto, distanciaram-se do estilo pictórico liso, adoptado do Classicismo e na época ainda obrigatório nas academias.
Com Jean-François Millet, a pintura é transportada para a autenticidade da vida do homem vulgar.
A adesão de Courbet à vertente ideológica-política do movimento é total e a sua participação no debate crítico de que nascerá a poética realista é de grande importância; a sua pintura tende a reproduzir factos materiais num estilo que não agrada à sensibilidade do público conformista da época.
Em 1867, a 2ª Exposição Universal de Paris é inaugurada num clima muito diferente. Courbet preparou novamente um pavilhão pessoal (como havia feito na primeira), mas já não estava só, muitos o seguiram, como o jovem Manet.
Fora da França o realismo não revelou características tão autênticas e significativas.


"As respigadeiras", de Jean-François Millet

O realismo mostra uma cultura que esgrime a aceitação de uma herança romântica irrenunciável e a necessidade de a superar.
É estranho mas o realismo tem a sua consagração no momento em que o refluxo reaccionário, que se segue à derrota da revolução republicana e ao golpe de Estado de 1851, alcança o auge.

Impressionismo

Ponte Japonesa", de C. Monet

Oficialmente, o impressionismo “viu a luz do dia, na década de 60 do século XIX, ” em Paris. Tendo os seus pilares no naturalismo e sendo continuadora do realismo de Courbet , a pintura impressionista modificou drasticamente a estrutura artística tradicional.

Revolucionou nos seus princípios basilares a forma de exprimir a realidade visível, afastando-a da representação fiel da natureza para reproduzir a verdade perceptiva e sensível.
O impressionismo trouxe, assim, um novo modo de ver a natureza e o mundo exterior , bem como também inovou quanto à forma de os reproduzir na tela com um imediatismo quer temporal quer sensível.


Este grupo de artistas pretende, pois, captar o instante de uma realidade em constante movimento e que, a cada mutação da luz, muda de aspecto e de verdade.
Neste contexto, parece já não fazer sentido o tema escolhido, o que é relevante é o modo como é captado pelo artista naquele preciso momento de luz, e como tal reproduzido na obra.
Experimentaram igualmente profundas inovações técnicas, em busca de novos processos que possam reproduzir melhor a complexidade dos fenómenos naturais da visão e, em particular, a luz solar e as suas infinitas vibrações e refracções, já que a sua finalidade era traduzir pictoricamente a realidade mutável. Então, saíram dos ateliers e pintaram sur le motif , ao ar livre, em harmonia com a natureza.



"Mulher olhando para a esquerda", de Monet

Foram os impressionistas quem primeiro se apercebeu de que a luz solar não é um elemento homogéneo e compacto mas sim construída por uma série de puros valores cromáticos.
Assim, dão “asas” à decomposição das cores, fixando-as directamente na tela, tal como saem do tubo, fragmentando os tons e as pinceladas por forma a obterem melhores vibrações luminosas.

E não se ficaram por aí... Descobriram , ainda, que a sombra não representa ausência de cor, que não é uniformemente escura, e que tem uma intensidade cromática diferente, com matrizes lilases. Este facto levou-os a excluir o preto como não cor. Passaram a utilizá-lo pela sua qualidade cromática autónoma.
Acabaram com o claro-escuro, técnica o mais possível académica, afinal acreditavam que “só à cor é confiada a tarefa de definir o espaço e as fronteiras entre as imagens”. As imagens deixaram de ser delimitadas pela linha de contorno.
Utilizam, particularmente, uma técnica pictórica diluída e cores mais claras.

"Cavalos em Longchamp", de Degas

A expressão mais forte do impressionismo é, decididamente, a pintura de paisagem. Contudo, podemos constatar que a atenção dos artistas também se centra muito nos temas da vida quotidiana e citadina, do qual o trabalho de Degas é um excelente exemplo, com suas lavadeiras, engomadeiras, bailarinas absorvidas pelos ensaios... Cézanne acrescentou-lhe, contudo, a análise do aspecto interior, da essência.

"As grandes banhistas", de Cézanne



Simbolismo

Simbolismo é a tendência expressiva que, na Europa, domina os anos 80 e 90 do século XIX. Uma corrente artística empenhada em fazer da realidade não visível o mundo da fantasia, dos pensamentos, dos sonhos e da visão, o conteúdo das suas obras.
Exprime uma condição específica do gosto que pretende afirmar nas artes em geral como reacção ao naturalismo, uma acentuada visão do mundo voltada para o conhecimento e a valorização da realidade interior, isto é, uma realidade que se presta mais à evocação do que à descrição.
"De onde Vimos? O que Somos? Para onde Vamos?", de Gauguin

Como disse R. Barili, no simbolismo é possível descobrir-se “uma alma bipolar”, já que este oscila entre o naturalismo e o espiritualismo, entre o que científico e o que é teológico.
Todavia, a dimensão física não se finda, e imprime a sua marca às zonas mais escondidas do espírito, através de um linearismo imprevisível, que descarna totalmente o dado natural,navegando por toda a sua ulterioridade possível, sem conseguir contudo superá-lo.
Para os simbolistas, o tempo estende-se infinitamente, e um linearismo vital, dinâmico, fortemente psíquico reduz a visão do mundo articulada e anedótica a um jogo bidimensional queprivilegia a essência das coisas e conduz ao número.


"Que novidades há?", de Gauguin


Trata-se de uma pintura heterónoma, que se servede motivos religiosos, filosóficos e místicos (atentem no exemplo de Gauguin), para construir uma realidade pictórica, e que nunca alcança a autonomia da cor e da forma – embora plante as bases das novas linguagens que, no futuro, se irão desenvolver pelas vanguardas do século XX.
O repertório linear dos simbolistas, tão enérgico, é adequado para representar iconicamente a vida moderna
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Expressionismo

O Expressionismo corresponde a uma tendência artística da primeira metade do século XX, que realça a experiência subjectiva.
Tem como marca cores e formas expressivas (não realistas) e uma pincelada superficial que nega a perspectiva tridimensional.
Tratou-se de uma renovação radical da psicologia humanas.
Historicamente, o expressionismo teve o seu berço e propagou-se nos países de língua alemã entre 1900 e 1910, e rapidamente envolveu outras nações do Ocidente europeu.
O Expressionismo reflecte, à priori, a crise de valores que a Europa do capitalismo teve de enfrentar.

"A filha do povo ", de Modigliani

O sentimento da “perda da tradição”notou-se imediatamente no plano da linguagem. Especialmente, nas artes figurativas, a vanguarda propôs-se a recuperar as linguagens “primitivas”, achando-as mais eficazes para a expressão directa do mal-estar comum.

A arte expressionista entregou-se, então, a uma profunda incongruência: a que existe entre o significante utilizado e o conteúdo expresso.
A imagem foi simplificada, deformada, brutalizada, chegando a remeter-se para modelos arcaicos ou infantis, mas sempre “regressivos”. Por outro lado, a temática abrangida foi a da actualidade, afinal o seu objectivo último era “apontar o dedo” à civilização moderna e à burguesia.

Já que para os expressionistas a imagem pictórica era por si mesmo estática, baseavam-se numa questão fulcral: ” sendo assim, essa alguma vez poderá chegar a representar o movimento imparável que nos rodeia?”. Por oposição, estes artistas seguiram
a cor violenta e a linha quebrada.
No fundo, eles não negaram as formas do mundo exterior, mas a subversão dos princípios harmónicos da arte. A linguagem não desapareceu, inverteu-se

Marcella ", de Kirchner


Digamos que a segunda fase da vanguarda expressionista foi representada pela formação russo-bávora . Com estes pintores o subjectivismo anárquico transformou-se em dimensão lírica da cor, os temas sociais “modernos” foram substituídos pela nostálgica reconquista da pureza da natureza, ou pela emoção livre da superfície abstracta.
Assim, este movimento abriu-se a evoluções que foram muito além do primeiro grupo e de um certo momento histórico.


"Modelo junto a cadeirão de vime", de Munch

Sconberg levou a cabo, a partira de 1912, uma desestruturação das normas da tonalidade, e assim confirmou o carácter único de uma experiência que se revelou insubstituível para a cultura do século XX

“Vanguarda”




Pormenor de "As meninas de Avinhão", de Picasso (cubismo)

Segundo os historiadores Vanguarda é uma forma precisa de conceber e praticar a actividade artística.
"Equilibrista da bola", de Picasso (para lá das vanguardas)

Essa, é uma característica de uma grande parte da obra do século XX e dá primazia à abordagem revolucionária, renunciando a “tradição” como referência obrigatória.

"A Aluna", de Sironi (para lá das vanguardas)

Cronologicamente falando, é possível fazer a distinção entre a vanguarda histórica, situada nos três primeiros decénios do século (e formada pelo expressionismo, cubismo, futurismo, abstraccionismo, dadaísmo , construtivismo e surrealismo) e uma nova vanguarda, que, no segundo pós guerra tenta renovar o seu valor pro-positivismo (arte conceptual, minimalismo, arte pobre, etc.).

"Estudo a partir do retrato do Papa Inocêncio X de Velázquez ", de F . Bacon (informalismo)

“Vanguarda” é uma expressão que também pode ser utilizada para referir grupos de artistas que se encontram adiantados em relação ao seu tempo, que pronunciam o futuro e que antecipam sobre tendências posteriores.


"Visões Simultâneas", de Boccioni (futurismo)

"A persistência da memória", de S. Dalí (surrealismo)

"Lata de sopa Campbell ", de Andy Wharhol (pop art )