quarta-feira, 4 de junho de 2008
Intervenções Urbanas
Arte Urbana

quarta-feira, 14 de maio de 2008
Realismo

O realismo ganhou autonomia relativamente às anteriores formas de arte que assentavam em verosimilhanças e surgiu como um movimento historicamente distinto.
Pode dizer-se que a principal característica do movimento realista reside no interesse pelo mundo contemporâneo. Para estes artistas, o único processo de dar forma a uma necessidade expressiva autêntica é obsevar a realidade em que se inserem e reproduzi-la honestamente.
Neste movimento são novidade as teorias perceptivas, os interesses sociais e da concepção da História.
Assim, nesse contexto, podemos ver como é aqui que começam a aparecer as pessoas vulgares entregues às suas actividades diárias, a paisagem urbana, a província rural.
De uma certa perspectiva, desenhou-se o activo compromisso político de um artista como Honoré Daumier que lutava contra a monarquia publicando imagens por si criadas e utilizando para tal a litografia como principal meio de expressão.
Por outro lado, promovida por um grupo de artistas que (em épocas diferentes mas principalmente em 1849) se juntaram em Barbizan, deu-se a fuga à realidade urbana e ao compromisso político que lhe estava associado. Estes teorizaram uma pintura de paisagem em “plein air” e procuraram o contacto com a natureza morta, analisando as suas manifestações.
Rosseau foi um dos mais ilustres dessa escola.
De salientar que tal, também só foi possível porque surgiram as primeiras bisnagas de zinco, que permitiam aos artistas levar para toda a parte pequenas porções de tintas variadas.
Interessaram-se pelo factor da decomposição da luz, nos seus quadros o ar transforma-se num suave véu, a luz numa substância atmosférica que completa todo o espaço pictórico. Com o seu traço solto, distanciaram-se do estilo pictórico liso, adoptado do Classicismo e na época ainda obrigatório nas academias.
Com Jean-François Millet, a pintura é transportada para a autenticidade da vida do homem vulgar.
A adesão de Courbet à vertente ideológica-política do movimento é total e a sua participação no debate crítico de que nascerá a poética realista é de grande importância; a sua pintura tende a reproduzir factos materiais num estilo que não agrada à sensibilidade do público conformista da época.
Em 1867, a 2ª Exposição Universal de Paris é inaugurada num clima muito diferente. Courbet preparou novamente um pavilhão pessoal (como havia feito na primeira), mas já não estava só, muitos o seguiram, como o jovem Manet.
Fora da França o realismo não revelou características tão autênticas e significativas.

É estranho mas o realismo tem a sua consagração no momento em que o refluxo reaccionário, que se segue à derrota da revolução republicana e ao golpe de Estado de 1851, alcança o auge.
Impressionismo

Oficialmente, o impressionismo “viu a luz do dia, na década de 60 do século XIX, ” em Paris. Tendo os seus pilares no naturalismo e sendo continuadora do realismo de Courbet , a pintura impressionista modificou drasticamente a estrutura artística tradicional.
Revolucionou nos seus princípios basilares a forma de exprimir a realidade visível, afastando-a da representação fiel da natureza para reproduzir a verdade perceptiva e sensível.
O impressionismo trouxe, assim, um novo modo de ver a natureza e o mundo exterior , bem como também inovou quanto à forma de os reproduzir na tela com um imediatismo quer temporal quer sensível.
Neste contexto, parece já não fazer sentido o tema escolhido, o que é relevante é o modo como é captado pelo artista naquele preciso momento de luz, e como tal reproduzido na obra.
Experimentaram igualmente profundas inovações técnicas, em busca de novos processos que possam reproduzir melhor a complexidade dos fenómenos naturais da visão e, em particular, a luz solar e as suas infinitas vibrações e refracções, já que a sua finalidade era traduzir pictoricamente a realidade mutável. Então, saíram dos ateliers e pintaram sur le motif , ao ar livre, em harmonia com a natureza.

Assim, dão “asas” à decomposição das cores, fixando-as directamente na tela, tal como saem do tubo, fragmentando os tons e as pinceladas por forma a obterem melhores vibrações luminosas.
E não se ficaram por aí... Descobriram , ainda, que a sombra não representa ausência de cor, que não é uniformemente escura, e que tem uma intensidade cromática diferente, com matrizes lilases. Este facto levou-os a excluir o preto como não cor. Passaram a utilizá-lo pela sua qualidade cromática autónoma.
Acabaram com o claro-escuro, técnica o mais possível académica, afinal acreditavam que “só à cor é confiada a tarefa de definir o espaço e as fronteiras entre as imagens”. As imagens deixaram de ser delimitadas pela linha de contorno.
Utilizam, particularmente, uma técnica pictórica diluída e cores mais claras.

Simbolismo
Exprime uma condição específica do gosto que pretende afirmar nas artes em geral como reacção ao naturalismo, uma acentuada visão do mundo voltada para o conhecimento e a valorização da realidade interior, isto é, uma realidade que se presta mais à evocação do que à descrição.

Como disse R. Barili, no simbolismo é possível descobrir-se “uma alma bipolar”, já que este oscila entre o naturalismo e o espiritualismo, entre o que científico e o que é teológico.
Todavia, a dimensão física não se finda, e imprime a sua marca às zonas mais escondidas do espírito, através de um linearismo imprevisível, que descarna totalmente o dado natural,navegando por toda a sua ulterioridade possível, sem conseguir contudo superá-lo.
Para os simbolistas, o tempo estende-se infinitamente, e um linearismo vital, dinâmico, fortemente psíquico reduz a visão do mundo articulada e anedótica a um jogo bidimensional queprivilegia a essência das coisas e conduz ao número.
Trata-se de uma pintura heterónoma, que se servede motivos religiosos, filosóficos e místicos (atentem no exemplo de Gauguin), para construir uma realidade pictórica, e que nunca alcança a autonomia da cor e da forma – embora plante as bases das novas linguagens que, no futuro, se irão desenvolver pelas vanguardas do século XX.
O repertório linear dos simbolistas, tão enérgico, é adequado para representar iconicamente a vida moderna.
Expressionismo
Tem como marca cores e formas expressivas (não realistas) e uma pincelada superficial que nega a perspectiva tridimensional.
Tratou-se de uma renovação radical da psicologia humanas.
Historicamente, o expressionismo teve o seu berço e propagou-se nos países de língua alemã entre 1900 e 1910, e rapidamente envolveu outras nações do Ocidente europeu.
O Expressionismo reflecte, à priori, a crise de valores que a Europa do capitalismo teve de enfrentar.
"A filha do povo ", de Modigliani
O sentimento da “perda da tradição”notou-se imediatamente no plano da linguagem. Especialmente, nas artes figurativas, a vanguarda propôs-se a recuperar as linguagens “primitivas”, achando-as mais eficazes para a expressão directa do mal-estar comum.
A arte expressionista entregou-se, então, a uma profunda incongruência: a que existe entre o significante utilizado e o conteúdo expresso.
A imagem foi simplificada, deformada, brutalizada, chegando a remeter-se para modelos arcaicos ou infantis, mas sempre “regressivos”. Por outro lado, a temática abrangida foi a da actualidade, afinal o seu objectivo último era “apontar o dedo” à civilização moderna e à burguesia.
Já que para os expressionistas a imagem pictórica era por si mesmo estática, baseavam-se numa questão fulcral: ” sendo assim, essa alguma vez poderá chegar a representar o movimento imparável que nos rodeia?”. Por oposição, estes artistas seguiram
a cor violenta e a linha quebrada.
No fundo, eles não negaram as formas do mundo exterior, mas a subversão dos princípios harmónicos da arte. A linguagem não desapareceu, inverteu-se
Marcella ", de Kirchner
Digamos que a segunda fase da vanguarda expressionista foi representada pela formação russo-bávora . Com estes pintores o subjectivismo anárquico transformou-se em dimensão lírica da cor, os temas sociais “modernos” foram substituídos pela nostálgica reconquista da pureza da natureza, ou pela emoção livre da superfície abstracta.
Assim, este movimento abriu-se a evoluções que foram muito além do primeiro grupo e de um certo momento histórico.

"Modelo junto a cadeirão de vime", de Munch
“Vanguarda”





"Visões Simultâneas", de Boccioni (futurismo)

"A persistência da memória", de S. Dalí (surrealismo)
"Lata de sopa Campbell ", de Andy Wharhol (pop art )
segunda-feira, 21 de abril de 2008
BARROCO BRASILEIRO

No barroco, a pintura é inquietante e altamente espiritualizada. Os pintores barrocos enfatizaram novos e sugestivos métodos de composição. Usaram técnicas tais como figuras desproporcionais ante a perspectiva e desenhos que eram intencionalmente assimétricos. Esses artistas interessavam-se mais em captar a idéia de espaço e movimento do que apresentar formas individuais como a última perfeição. Miguel Ângelo, Caravaggio e Annibale Carraci foram pintores barrocos de grande nome. Petrus Paulus Rubens, de Flandres (hoje pertence à Bélgica), foi o líder da pintura barroca no norte. Os pintores espanhóis El Greco e Diego Valázquez acrescentaram elementos fortes e sombrios ao movimento. Como a arquitetura, a pintura barroca francesa do período conservou sobretudo qualidades clássicas, por exemplo nas obras de Nicolas Poussin e Claude -século XVII. No Brasil, destacam-se os trabalhos de Manuel da Costa Ataíde e Francisco Xavier Carneiro, em Minas Gerais, e as pinturas alegóricas de Pernambuco (Recife e Olinda), onde os temas religiosos se mesclavam a elementos profanos alusivos à invasão holandesa a às lutas contra os ocupantes.
ARTE ACADÊMICA NEOCLASSICISMO NO BRASIL

Pedro Américo de Figueiredo e Melo: Sua pintura abrangeu temas bíblicos e históricos, mas também realizou retratos imponentes, como o de dom Pedro 2o na Abertura da Assembléia Geral, que é parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis (RJ). Mas a sua obra mais conhecida é mesmo "O Grito do Ipiranga".
Vitor Meireles de Lima: Em 1861, produziu em Paris a sua obra mais famosa, "A Primeira Missa no Brasil". No ano seguinte, já em nosso país, pintou "Moema", que retrata a personagem indígena do poema "Caramuru", de Santa Rita Durão. Os temas preferidos de Meireles eram os históricos, os bíblicos e os retratos.
José Ferraz de Almeida Júnior: é considerado por alguns críticos o mais brasileiro dos pintores nacionais do século 19. Suas obras retratam temas históricos, religiosos e regionalistas. Além disso produziu retratos, paisagens e composições. Suas obras mais conhecidas são: "Caipira Picando Fumo", "O Violeiro" e "Leitura".
quinta-feira, 17 de abril de 2008
ARTE BRASILEIRA

Dentro dessa ampla definição, estão desde as primeiras produções artísticas da pré-história brasileira, as diversas formas de manifestações culturais indígenas.

· PEDRA PINTADA (PA), aqui, em 1996, a arqueóloga americana Anna Rosevelt achou pinturas com cerca de 11.000 anos.
OBS: A tinta de pedra é feita de cacos de minério que forneciam as cores para as pinturas rupestres: os artistas raspavam as pedras para arrancar os pigmentos coloridos, o vermelho e o amarelo vinham do minério de ferro, o preto, do manganês. Misturado com cera de abelha ou resina de árvores o pigmento virava tinta.

O assunto é complexo e, a despeito da inadequação do termo, muitas obras indígenas têm impactado a sensibilidade e/ou a curiosidade do “homem branco” desde o século XVI, época em que os europeus aportaram nas terras habitadas pelos ameríndios. Nesse período, objetos confeccionados por esses povos eram colecionados por reis e nobres como espécimes “raros” de culturas “exóticas” e “longínquas”.
Até hoje, uma certa concepção museológica dos artefatos indígenas continua a vigorar no senso comum. Para muitos, essas obras constituem “artesanato”, considerado uma arte menor, cujo artesão apenas repete o mesmo padrão tradicional sem criar nada novo. Tal perspectiva desconsidera que a produção não paira acima do tempo e da dinâmica cultural. Ademais, a plasticidade das obras resulta da confluência de concepções e inquietações coletivas e individuais, apesar de não privilegiar este último aspecto, como ocorre na arte ocidental.
Confeccionados para uso cotidiano ou ritual, a produção de elementos decorativos não é indiscriminada, podendo haver restrições de acordo com categorias de sexo, idade e posição social. Exige ainda conhecimentos específicos acerca dos materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção etc.As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singularidade à produção ameríndia, diferenciando-a da arte ocidental, assim como da produção africana ou asiática. Entretanto, não se trata de uma “arte indígena”, e sim de “artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na sua maneira de se expressar e de conferir sentido às suas produções.
Os suportes de tais expressões transcendem as peças exibidas nos museus e feiras (cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas, mantos, cocares....), uma vez que o corpo humano é pintado, escarificado e perfurado; assim como o são construções rochosas, árvores e outras formações naturais; sem contar a presença crucial da dança e da música.
Em todos esses casos, a ordem estética está vinculada a outros domínios do pensamento, constituindo meios de comunicação – entre homens, entre povos e entre mundos – e modos de conceber, compreender e refletir a ordem social e cosmológica.
ARTE NO BRASIL COLONIAL
Os pintores do príncipe
A ocupação holandesa em Pernambuco, no século XVII traz artistas como pintores e naturalistas ao país que iriam, pela primeira vez, registrar a natureza brasileira. O conde de Nassau, que aqui permaneceu entre 1637 e 1644 foi o responsável por grandes projetos de urbanização na cidade de Recife e trouxe com ele artistas holandeses como Franz Post e Eckhout.Entretanto, apesar de a ocupação holandesa e da estada desses pintores no Brasil ser considerada como de grande importância no Século 17, seu papel foi apenas de registro de paisagens e costumes. Com efeito, tratou-se de um acontecimento isolado e os pintores que por aqui passaram não deixaram aprendizes ou começaram alguma tradição que pudesse dar continuidade aos seus trabalhos. Em resumo, não moveram uma palha em favor da arte local e sequer podem ser considerados como pintores do Brasil, pois sua passagem por aqui deu-se tão somente como agentes de um país invasor, e retornando à sua terra antes mesmo que cessasse tal invasão. Não se pode deixar de destacar, contudo, que foram possivelmente as primeiras manifestações de pintura efetivamente fora do domínio religioso.
A arte regionalizada
No Século 18, a pintura tem maior desenvolvimento, principalmente devido à concentração de artistas em centros que então se desenvolviam, como Rio de Janeiro, Salvador e Vila Rica (atual Ouro Preto). A partir de então pode-se falar em escolas distintas no país, como a fluminense, com pintores como José de Oliveira Rosa, Leandro Joaquim, com seus retratos e representações da cidade do Rio de Janeiro e Manuel da Cunha, com suas pinturas religiosas e retratos. Ainda no Rio de Janeiro, em 1732, Caetano da Costa Coelho começa a realizar na Capela-Mor da Igreja da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência aquela que seria a primeira pintura perspectivista do Brasil. Em Salvador, na então escola baiana do Século 18, vivia-se a transição do barroco ao rococó e nela eram típicas principalmente pinturas de perspectiva ilusionista. Destacam-se nesse período, José Joaquim da Rocha, como teto da Igreja de N. Senhora da Conceição da Praia, considerada uma das obras-primas da pintura barroca brasileira (1773).
As artes nas Minas Gerais
A mais famosa dessas "escolas", entretanto, é a escola mineira, extremamente valorizada pela sua originalidade. O ciclo da mineração possibilitou a concentração de riquezas em Minas Gerais e a transformação de algumas cidades mineiras em verdadeiros centros urbanos da colôni. A primeira pintura de teto em Minas Gerais é realizada por Antonio Rodrigues Belo, em 1755, na capela-mor da matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo. A partir de então Minas avança como ativo centro artístico nacional. O estilo dos artistas mineiros de então era o barroco com forte presença do rococó, sem contudo deixar de lado as formas brasileira. O escultor Aleijadinho, um dos principais nomes de nossa arte, talvez seja o nome mais conhecido dessa escola. Na pintura destaca-se principalmente Manuel da Costa Ataíde. Outros pintores mineiros do período foram Manuel Rebelo e Souza e Bernardo Pires, João Nepomuceno Correia e Castro, entre outros. Ainda no século XVIII, fora desses centros, destaca-se João de Deus Sepúlveda com sua pintura "São Pedro Abençoando o Mundo Católico", em Recife, na Igreja de São Pedro dos Clérigos. Em 1800 há a primeira iniciativa de ensino de arte no país com a Aula Pública de Desenho e Figura, no Rio de Janeiro e seu regente, Manuel de Oliveira.